Quase um traço de sorriso
se desenha mesmo em lágrimas
e a contradição nos agracia
solenemente
à beira de um mar de luz.
Banha-me mar de luz
pelos teus cabelos de neblina,
embriaga minha fome
pela velocidade de fúria, de desimportância
e deriva.
A liberdade se veste de grito
e eu estou nu, silenciosamente nu
para o teu líquido,
pelo teu azul.
Cantamos aurora num segundo de glória,
num desatino de compaixão.
Mas o que vem até nós
quando o que sobre é escuridão?
E por delírio de claro
a pele delira, sedimenta
nas profundezas de um dia
por fome de azul,
somente um dia e nada mais.
Calo-me vermelho por dentro da carne
enquanto o azul é bastante horizonte,
para apenas dois olhos
bastante horizonte.
Henrique Persine
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