Seguidores

Pesquisar este blog

domingo, 8 de abril de 2012

Henrique Persine - Oração a Gregório


Oração a Gregório



Se em sua alta glória
Deus me soltar de suas mãos
e como um fantoche no espaço
eu nem sequer tiver chão
para abaixo em consolar?
E se em solo espatifado
saltarem meus órgãos como répteis
da grande peste profetizada?

Ainda assim haveria madeiro,
mártires e lágrimas para o calvário mundano?
Ou de sua altivez ouviria gargalhos,
divinas irrisões como sonoro trovão?

Escorpiões apocalípticos passariam por mim
como uma tropa romana,
insetos vorazes saqueariam o detrito
como um antigo rito misericordioso.

Depois de Abadom, do palco das nuvens,
a sétima trombeta anunciaria o fim:
o primeiro flagelo, o terceiro flagelo...
a descrição da meretriz, os mil anos do dragão.

Mas de suas mãos serei solto ao ar
ou como era de se esperar
pularei feito um louco,
sem mesmo agarrar suas barbas e mantas,
orgulhando-me do fato?

Ó Gregório de Matos, conduza-me no pêndulo
do perdão e do pecado,
e fazei-me abrir com sua lira torta
a sagrada porta da concepção;
pois a ovelha desgarrada novamente se perdeu
e não quer fazer de Deus
um frustrado na missão.

Ora, irrisão!
Também traz humano Matos:
− Por que com esses atos
não me provocas emoção?
Vá ao breu da rua
e encha o copo de teus irmãos!
Vá ao mel da lua
e dome corpos não só por mãos!



Henrique Persine

Nenhum comentário:

Curta Nossa Outra Página de Poesia